Este es un blog sobre Poesía y Artes Plásticas. Quería crear un espacio en el que hablar de Poesía, de libros y poetas que me resultan interesantes y al mismo tiempo, utilizar las posibilidades que ofrece internet para mostrar parte de mi obra plástica. Así que aquí va... una de cal y otra de arena!

This is a blog about Poetry and Art. I wanted to create a space to talk about Poetry, books and poets that I find interesting and at the same time, using the possibilities offered by the internet to show some of my art work. So here goes!



Reflexiones sobre la Poesía hechas por Sophia de Mello

He querido transcribir aquí integramente las palabras que dejó dichas en 1964 Sophia de Mello cuando recibió el "Grande Premio de Poesía". Me gustaría poder compartir sus reflexiones con quien visite este blog. No he traducido el texto ya que creo que es entendible con un pequeño esfuerzo para cualquier castellanohablante.

"A coisa mais antiga de que me lembro é de um quarto em frente do mar dentro qual estava, poisada em cima de uma mesa, uma maça enorme e vermelha. Do brilho do mar e do vermelho da maça erguia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira. Não era nada de fantástico, não era nada de imaginário : era a propria presença do real que eu descobria. Mais tarde a obra de outros artistas veio confirmar a objetividade do meu propio olhar. Em Homero reconheci essa felicidade, nua e inteira, esse esplendor da presença das coisas. E também a reconheci, intensa, atenta e acesa na pintura de Amadeo de Souza-Cardoso. Dizer que a obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida.

Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda de uma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar, do mar e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenómeno quer ver todo o fenómeno. É apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor.

E por iso que a poesía é uma moral. E é por iso que o Poeta é levado a buscar a justiça pe la própria naturaleza da sua poesia. E a busca da justiça é desde sempre uma coordenada fundamental de toda a obra poética. Vemos que no teatro grego o tema da justiça é a própria respiração das palavras. Diz o coro de Ésquilo: “Nenhuma muralha defenderá aquele que, embriagado com a sua riqueza derruba o altar sagrado da justiça”. Pois a justiça se confunde com aquele equilíbrio das coisas, com aquela ordem do mundo onde o Poeta quer integrar o seu canto. Confunde-se com aquele amor que, segundo Dante, move o sol e os outros astros. Confunde-se com a nossa confiança na evolução do homem, confunde-se com a nosa fé no universo. Se em frente do esplendor do mundo nos alegrarmos com paixão também em frente do sofrimento do mundo nos revoltamos com paixão. Esta lógica é íntima, interior, consequente consigo própria, necessária, fiel a si mesma. O facto de sermos feitos de louvor e preotesto testemunha a unidade da nossa consciência.

A moral do poema não depende de nenhum código, de nenhuma lei, de nenhum programa que lhe seja exterior, mas, porque é uma realidade vivida integra-se no tempo vivido. E o tempo em que vivemos é o tempo duma profunda tomada de consciência. Depois de tantos séculos de pecado burguês a nossa época rejeita a herança do pecado organizado. Não aceitamos a fatalidade do mal. Como Antígona a Poesía do nosso tempo diz: “eu sou aquela que não aprendeu a ceder aos desastres”. Há um desejo de rigor e de verdade que é intrínseco á íntima estrutura do poema e que não pode aceitar uma ordem falsa.

O Artista não é, e nunca foi um homem isolado que vive no alto duma torre de marfim. O artista mesmo aquele que mais se coloca á margem da convivênça, influenciará necessariamente, através da sua obra, a vida e o destino dos outros. Mesmo que o artista escolha o isolamento como melhor condição, pelo simples facto de fazer uma obra de rigor, de verdade e de consciência ele irá contribuir para a formação duma consciência comum. Mesmo que fale so mente de pedras o de brisas a obra do artista vem sempre dizer-nos isto: Que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.

Eis-nos aqui reunidos, nós escritores portugueses, reunidos por uma língua comum. Mas acima de tudo estamos reunidos por aquilo a que o Padre Teilhard de Chardin chamou a nosa confiança no progresso das coisas.

E tendo começado por saudar os amigos presentes quero, ao terminar, saudar os meus amigos ausentes: porque não há nada que possa separar aqueles que estão unidos por uma fé e por uma esperança."

3 comentarios:

  1. Un texto espléndido, Esther.

    Un abrazo,
    José Luis
    http://www.poesiaintemperie.blogspot.com

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  2. Ela era a poesia, a luz de Grécia que olha para Portugal,a lúcida humanidade, a palavra da pureza sem magoar...
    Adorei o post.

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  3. Hola, Esther, no conocía tu blog, he llegado vía el de José Luis. Enhorabuena, y gracias por estas reflexiones memorables de Sophia de Mello. Un abrazo, J12
    http://jordidoce.blogspot.com/

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